Ode aos Espelhos Quebrados
- Welington Moraes
- 23 de fev. de 2017
- 1 min de leitura

Eu canto aos espelhos quebrados,
De cantos desgastados pelo reflexo.
Eu canto ao circunspecto e ao
Leviano;
E longe desse plano que me pede por empréstimo,
Eu canto e lastimo o pranto que me escapa;
Cascata pura que me salga a face.
Fosse um grito de temor esse lamento,
Que no vento perdido virasse uma memória -
Pouca glória e muita dor, verve tormento -,
Ele ainda assim mancharia a minh'alma;
E toda a calma que carrego [falso enlace],
Mostraria o real ser em sangue e cólera.
Malditos sejam os espelhos quebrados!
Eu vos maldigo! corvos parvos,
Ominosos.
A tua frente não se veem os
Criminosos,
Os malvadados,
Agorentos,
Homens vis;
Que escapam do reflexo por um triz,
Fingindo ter na casca o casto amor;
Fingindo ter pela harmonia o temor;
Paixão,
Sentimento punitivo;
Levando calúnias sempre ao pé do ouvido,
De quem vive a vida em seu anseio;
Fingindo ser um fim pro falso meio;
Fingindo ter no peito seco o sentimento;
Mas são expurgos dessa vida [purulentos],
São lamentos de um canto esquecido;
São pus,
Ferida,
Pranto e
Dor.
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