Sentimento é Cimento no Coração da Cidade

O homem é um animal concretado,

Arquitetado a desamar com a mesma

Velocidade em que crescem

Armações de ferro, pedra e cimento.

Criando prédios em cativeiro,

Ele embala escombros,

Chutando pedregulhos numa brincadeira

Insólita,

Criando cidades que lhe criam,

Amando as insensíveis e frias raízes

Que lhe crescem sobre o impenetrável asfalto,

Solo orgulhoso diante de um orgulhoso

Solo.

Pobre animal concretado,

Amado como um poste,

Uma marquise solitária num domingo

Vazio,

A cidade que pulsa, míngua aos finais de semana.

O homem caminha diante de prateleiras espelhadas,

Aquários humanos que descansam,

Esperando ver humanidade na cidade,

Olhando nas fachadas das lojas fechadas,

Seu reflexo em simbiose com o concreto.

O seu afeto ao fato de estar cimentado ao sentimento.

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