Sofia e o Doce Som do Coração
- Welington Moraes
- 5 de jan. de 2016
- 2 min de leitura

Do ar de um pulmão gritado Em surdo ouvido, Assim ficou sentido O som da criação.
Ali chorando o pranto Recém - nascido, Mesmo em lamento não se Ouvia; Na branca página o pai ao Nome escrevia, Por preferência entre outros: Foi chamada de Sofia.
E por escolha do destino, Uma menina entre meninos, O ar da graça oferecia.
Mas Sofia crescia entre silêncios. Da palma, a nota lhe Perdia. Dos laços os abraços lhe Aqueciam com o calor do coração, Que sempre frequente entre Espaços pulsava, E Sofia de nada escutava o Bater daquele som.
Até o dia que Sofia, Pelo dom da evolução, Resolveu voar ao vento em Busca de solução.
Deixou o ninho em lamento e Os abraços ao chão; Partiu nas asas coloridas da Pura imaginação.
O som da felicidade é azul; O da lembrança: amarelo; A dor vem sempre de preto; Num soluçar tão singelo, É branca a ingenuidade; O tempo de prata nos cobre; E lilás é o som da saudade.
Assim ouvindo em cores, Sofia procurava o som, Doce feito goiaba, Do bater do coração.
Depois de tanto vagar, Procurar, Procurar e Procurar, Sofia cansou-se do pleito e Decidiu, Assim meio sem jeito, A tarefa abandonar.
"O tempo passou e eu não vi, Em busca do coração escutar. Agora vejo que envelheci e Para casa devo voltar."
Na sala, esperando no ninho, Tendo a saudade às mãos, A mãe e o pai já velhinhos, Ouviram os passos no chão: "Quem vem lá?", brada o pai, Mas nem um ai resolve a Indagação.
É a imagem da filha adulta, Que no peito o amar imputa Uma frenética pulsação.
Sofia corre ao abraço, Para no silêncio do laço Perceber a vibração.
Então lá no fundo ela sente, O vermelho vibrante existente No doce som do coração.
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