Sobre Homens, Reflexos e Formigas
- Welington Moraes
- 24 de abr. de 2015
- 1 min de leitura
O homem caminha só,
A lama presa nos sapatos renuncia
O passo, que denuncia o ato
De andar por sobre o pó.
O homem caminha no escuro,
Tateando a esmo o medo,
Que leva em segredo ao peito,
Isolado envolto ao muro.
O homem já não é homem,
É um reflexo,
Uma cópia mal feita daquilo que foi.
O homem já não caminha,
Apenas teme,
E sente fome,
E sente sede,
E tem desejos que lhe escapam das entranhas,
Estranhas como ele.
O homem que zarpou em rimas,
Termina em versos livres,
Ainda que de métricas nunca viva.
Assim o poema é cuspido,
Feio e sincero como só o escárnio sabe sê-lo.
O homem sente saudades de desconhecidos nas ruas,
Numa vitrine consumista e vazia de uma loja qualquer,
Vê o rosto cansado e doce de alguém que já se esqueceu de amar,
Impotente e castrado pelo medo de ser homem,
Percebe que o tempo passa rápido para aqueles que têm.
O homem carrega um fardo imenso,
Tal qual formigas na calçada que temem os passos ordinários
Do homem que caminha só,
Do homem que caminha no escuro;
Do homem que de versos livres,
Soltando as rimas,
Faz um cuspido, feio e sincero poema sobre homens,
Reflexos e formigas.

ความคิดเห็น