Entropia
- Welington Moraes
- 24 de abr. de 2015
- 1 min de leitura
Houston,
Nós temos um problema.
Como num abraço sufocante
Da amante descontrolada,
O nada suga a pobre astronave flutuante e
O grito do solitário astronauta
Ecoa mudo no espaço infinito.
O grande buraco
Que a nada escapa,
Suga luzes como o faminto
Suga ao sugo,
O humano no limiar do desconhecido,
Está suprido do tempo de pensar sobre
O tempo.
Sofrido fim para uma sofrida
Vida.
Quanto mais próximo do centro,
Mais lenta é a morte,
Inversa sorte de inversos
Acontecimentos,
Momentos que nenhum homem jamais presenciou.
O tempo para,
O grito ecoa eterno,
O homem acorda num espaço de um instante,
Obstante de seu próximo caminhar,
A nave já não existe,
O traje é sua pele e a
Realidade repele o que é material,
Sente-se anormal numa normalidade
Paradoxal que só existe no que se torna
Limbo.
Dentro do negro buraco o homem aprende a ser
Homem,
Eterno dono de si mesmo,
Vê sua morte num ciclo infinito de infinitas dores
Saciadas,
Feridas abertas e curadas de tudo que na vida o
Machucou,
Beijo apaixonados de apaixonadas namoradas,
O vai e vem da vida como nunca
Imaginou.
Ao perder-se de sua consciência,
O astronauta ganhou do buraco um novo entendimento,
Alegria e sofrimento em uníssono coexistir.
Olhando do espaço a falta de espaço que há na terra,
O intenso existir de formigas presas em suas próprias liberdades leva uma lágrima ao olho
Do viajante,
Lembranças torturantes do que um dia ele foi,
Humano numa selva de iguais,
Olhando para o espaço procurando
Salvação.

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