Sobre Mentiras Verdadeiras
- Welington Moraes
- 8 de abr. de 2015
- 1 min de leitura
O ator é um mentiroso, Passa algo de enganoso a plateia que o assiste, Finge amar o que lhe aflige, O que lhe torna mais sensível, Não ser comum e sim incrível numa selva de iguais, Não ter beiradas e sim escadas, Olhando sobre umbrais. O ator é um mentiroso, Sofre, ama e é manhoso, finge doer, mas não dói, É bandido, é herói, Mau caráter, educado e vulgar, Finge ao gostar do amor, Aprende a amar o amar, Sorri quando sente que a dor, O leva aonde não quer chegar. O ator é um mentiroso, Pois fala a verdade ao mentir, Chora mesmo ao sorrir, Sorri quando a fome o alcança, Quando é pra cair balança, E ao balançar já não cai, E quando de pé o aplaudem, Ele finge não saber, A mão que hoje o acolhe, Amanha de manhã já lhe pode, A sua face bater. O ator é um mentiroso, Pois é efêmero e sem destino, Mas esse todo desatino, Que a alma lhe consome, E que no fim do dia some, Aparece ao amanhecer, Hoje só o leva a crer, Que ser ator é vocação, Algo sem explicação, De quem vive a profissão a qual todos queriam ter.

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