Sobre Medos e Poesia
- Welington Moraes
- 8 de abr. de 2015
- 1 min de leitura
Das fobias que tenho na vida, A mais perigosa é aquela que do nada surge, Num sábado de madrugada, Na frente da TV, Vendo vidas que não são minhas. Enquanto embora ela não queira ir, Fico eu. Assim deixo meus minutos passarem, Entre o negro da noite que se vai e o dourado do dia que ainda não chegou. Meu tempo é uma flor que murcha em dias de chuva. Minha alma é um pássaro com medo de altura. Minhas lágrimas são melancólicas de falsidade. O dia hoje foi bom, Até bater esse medo desconhecido, Medo de não ter um sonho bom, Um sono bom, Ser bom. Sei que tenho paz de espírito, Não escondo na fé o medo da solidão. Vi ontem um beija-flor ser violentado por uma rosa, É preciso ter em certas ocasiões pudor, O mesmo que falta aos beija-flores. Meus pensamentos gritam não me deixando dormir, Assim escrevo, Quando eles renascem nas páginas se calam, E eu me esvazio e entristeço. Morro aos poucos, Cada poema leva um pedaço de mim. Dos medos que tenho o mais forte é aquele que compartilhamos, Todos nós, O que surge a meia-luz, O que canta o vento, O que traz o pássaro negro ao bater a porta, Um medo tão forte que dele sempre me esqueço, Mas ele não se esquece de mim. No alvorecer fecho os olhos e adormeço.

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