Sobre Bailes e Desejos
- Welington Moraes
- 8 de abr. de 2015
- 1 min de leitura
A mulher vestida de lua esperava o fim do baile. Ébria de virtudes estava ali para agitar marés, Desvirtuar poetas, Seduzir marinheiros e Iluminar a noite. Sentia no tilintar do tamborim o compasso de seu próprio coração. Falseava a boca mordida, Sinal de luxuria, Deixava as costas nuas, Sinal de vaidade, Escondia a melancolia da Real’idade, Sinal de desejo. Desejava ser feliz durante o carnaval, Nada mais. O homem ébrio da própria condição masculina, Esperava o começar de uma paixão, Que durasse eternamente até a quarta-feira, Nada mais. No bater da bateria os corpos se tocaram, Arrepiados pelo pulsar de um carnaval, Envoltos de mascaras e hipocrisias deixaram se levar pelo compasso, Ela de Lua e ele de Sol, Eclipsados, Bailavam banhados de suor e libido, O carnaval tinha ali saciado sua devoção. Foram três dias de felicidade. Na quarta a ilusão acabou, A banda calou, A cabeça doeu, O palhaço chorou, A menina engravidou, A família entristeceu, O céu nublou e a lua não apareceu. A mulher que se vestira de lua sonhava acordada, Lembrava daqueles três dias onde não precisava ser o que era. Desejava que todo dia, Fosse dia de carnaval.

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