top of page

Dos Josés Que Já Morreram

  • Foto do escritor: Welington Moraes
    Welington Moraes
  • 8 de abr. de 2015
  • 2 min de leitura

Morando no mundo real, Aquele onde a dor e o pranto dividem espaço junto ao riso, Para os outros José sempre fora um qualquer. Nuca teve mulher, Cachorro, gato ou papagaio, Sempre sofreu de desmaio no meio da multidão, Lutou contra a insatisfação de ser mais um. Aquele que nunca fora ouvido, Querido ou compreendido. José era só um José. Um medíocre, um qualquer, O Zé Povão para os mais íntimos e ele não tinha Nenhum. Um dia José fora agraciado pela magia da Tecnologia. Ganhou, Numa rifa local, O portal para um novo Mundo. E esse portal, Veja você, Atendia pela alcunha de PC, Personal Computer o Computador Pessoal. Porem as dores pessoais ele não computava, Fazia a pessoa ser amada -Ainda que virtualmente- Pelo mundão cibernético de lá fora, Assim deixava as dores que outrora incomodavam, Esperando no mundo real. José, Aquele cara normal, Não mais existia, Ele recebeu a anistia de poder ser quem quisesse, Um valente de quermesse, Um santo, Um vigário, Um ladrão orçamentário de dados intangíveis ou Um herói de façanhas invisíveis. Ter mulher, Cachorro, gato ou papagaio, Ser ouvido, Querido e compreendido. Agora ele era outros tantos, Menos José. Não existem Josés no mundo cibernético. Um dia José, Através da anistia, Esqueceu-se de lembrar quem era ele. Olhou no espelho e viu um desconhecido, Algo parecido com um homem que há tempo conhecia. Um homem por quem era apaixonado, Tendo vivido, No passado, Uma vida de alegrias. Lembrava-se dele menino, Puxando a corda do sino, Anunciando a missa dominical. Lembrava-se do homem normal, Vivendo no mundo real, Onde o pranto molhava o riso, Onde sorrir e sofrer é preciso para aprender a ser um José, Que para outros tantos é um qualquer, Mas para ele sempre foi paixão. Hoje José já não ama, Não chora, Não reclama, Hoje tem o que quiser, Há tempos já não deseja nada, Pois a única coisa amada por ele um dia acabou, Aquele cara normal, Vivendo uma vida normal, O José que o mundo matou.

Man overlooking skyline

 
 
 

Comments


Posts Destacados
Posts Recentes
Arquivo
Procura por Tags
Redes Sociais
  • Facebook Basic Square
  • Google+ Basic Square

© Todos os textos contidos neste site, incluindo peças de teatro, roteiros, contos e poesias são de autoria do titular, protegidos por direitos autorais de propriedade intelectual.

  • w-facebook
bottom of page