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Dos Espelhos que Nunca Tive

  • Foto do escritor: Welington Moraes
    Welington Moraes
  • 8 de abr. de 2015
  • 2 min de leitura

Nasci assim, Feio. A parteira me olhou desconfiada, Com a lâmina afiada, Preparada a atacar. “Se ele bobear, Latir, Espernear, Estou pronta a atacar, minha filha. Desse tipo nunca vi, Onde será que vai a pilha, De susto quase morri ao ver sua cara torta, Agora se não te importas vou embora me benzer, Uma vela acender e minha vista descansar, Mas por último quero saber: Tu estás pronta a amar esse tão estranho ser?” A resposta nunca soube, Pois tão novo me perdi, Mamãe eu nunca mais vi, Assim me criei na vida, Sempre pronto, de partida, Indo daqui a ali. Amigos não sei o que é, Mas vejo todos a dizer, Deve ser algo de comer, Uma coisa para usar, Sempre fiquei a pensar como seria na vida, Ter um amigo ou amiga, Igual a aqueles que falam, Levar meu amigo na mala, Saboreá-lo na sala, Usá-lo em dia de sol. Mas tudo que sei de amigos, Aconteceu com outros e não comigo, Foram coisas que me contaram. Em todo lugar que chegava, Alguém sempre gritava, Corria, rezava e fugia. Uma vez quase me mataram, Outra vez me usaram para expiar uma dor, Assim sempre a temor, Sempre tentei me esconder, Era Feio, Foi como me chamaram, Monstro também usaram, Um nome que nunca quis ter, Achei Feio mais bonito, Sempre que chego grito: “Sou feio e amigos eu quero ter.” Outro dia estava triste – quem é feio também se entristece, Pedi a Deus numa prece, a cura para minha feiura, Ele apareceu, Cara dura, Me olhando de um jeito “feio”, Me disse assim de lampejo: “A única coisa que desejo, é que no espelho tu possas olhar, Depois voltes a me chamar...” Assim nossa conversa termina, Algo em mim se ilumina, Então saio a procurar. Foi assim que cheguei a um espelho e ele olhou-me inteiro, Perguntou qual era o meu nome. “Feio”, respondi sem jeito, Um grande aperto no peito, Uma insegurança a pulsar. “Esse nome não é teu, não mais o irás usar. Teu verdadeiro nome é Verdade, há como eu tenho saudade, Do tempo em que estavas livre a andar, E que tinhas amigos, Caminhando sempre contigo, rindo e vivendo a vida. Hoje tu já não lembras mais, No lugar só resta a ferida, um nome a cicatrizar. Hoje tu só provocas gritos, insulto a tua “feiura”, Chame a Deus, Cara dura, E diga que conversou comigo, Agora teu primeiro amigo, depois de um tempo recluso. Saiba que não acabou o teu uso, Saiba que o mundo mudou, Um dia ele mudará novamente, Tu serás a semente de que a esperança voltou.” Era Feio, Algumas pessoas ainda se incomodam comigo, Mas saiba que eu sei o que é amigo, Eles não se incomodam com minha feiura. A conversa com Deus, cara dura, Me deu um novo destino, Agora sou de novo uma menino, Esperançoso, Curioso, Esperto... Amigos sempre tenho por perto, Um ombro onde posso apoiar. Espere que um dia chego, E não te incomodes com o beijo, Que no rosto eu possa te dar.

Man Underwater

 
 
 

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